terça-feira, 18 de novembro de 2008

Ursola K. Le Guin

Tentei. Asserio. Nao sei porque. Nada disso resultou. Gostaria, sinceramente, de conseguir ser um bom hipocrita. Nao magoa ninguem e torna-nos a vida bem mais facil. Eu, no entanto, nunca concegui enganar ninguem. Sabiam que eu nao me interessava pelos seus intereses e desdenhavam de mim por isso, e eu desprezeva-os por me desdenharem. Tentava desesperadamente nao ser diferente dos outros, nao queria ser o urso da turma. No entanto, e isto e importante, eu nunca respondia. Nao dizia nada. Aquento e engulo, ate poder fugir. E assim que posso, fujo. Por vezes, nao so aguento e engulo, como chego ate a sorrir-lhes e a dizer que lamento. Quando sinto o sorriso a crescer-me na cara, queria poder arranca-lo e saltar-lhe em cima.

Ser ou Nao Ser Diferente

Atiramo-nos, misturamo-nos em grupos -clubes, equipas, sociedades, categorias. De repente começamos a vestir-nos exactamente como os outros: é a melhor maneira de se ser invisivel. Se nao sabemos fazer isso então esta-se de fora. E deve-se estar dentro. Esta frase é gira, nao acham? Estar dentro. Dentro de que? Dentro do grupo. Com os outros. Todos juntos. Salvos pelo numero. Eu nao sou eu. Sou o amigo dos meus amigos. Sou um blusao negro numa onda. Faço parte. Sou um jovem. Nao podem ver-me, so conceguem ver-nos. Estamos safos. Alguns nao tem, de facto, um verdadeiro eu. Fazem realmente parte do grupo. Mas muitos deles agem, imitam. Os coraçoes nao estao de facto com os grupos, no entanto eles conceguem acompanha-los, aguentam-se.